sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Assembleia Municipal de Gaia pode ficar na Granja


4 Dezembro 2009






Assembleia Municipal de Gaia pode ficar na Granja
Autor : Miguel Ângelo Pinto E-mail : miguel.pinto@grandeportoonline.pt Data : 23-10-2009 - 11:10 Foto : António Rilo


A Câmara Municipal de Gaia está a ponderar instalar a Assembleia Municipal no histórico edifício da Assembleia da Granja. Actualmente em ruínas, o imóvel é de propriedade privada e mantém, há muito tempo, uma placa na fachada que indica obras de edificação. No entanto, os trabalhos de reconstrução nunca avançaram, o que dá margem de manobra à autarquia para conseguir um acordo que vise a passagem do edifício para a posse do município.

Refira-se que a alguns metros, o antigo Hotel da Granja, também uma referência histórica no local, foi transformado num condomínio de luxo, tendo a construção respeitado o mais possível a traça original do edifício. A instalação da Assembleia Municipal de Gaia na Granja obedece, assim, a um princípio de descentralização política no concelho, dando vida nova a um espaço que durante perto de um século foi um verdadeiro pólo de cultura e lazer na cidade.

Aliás, a construção do futuro centro cívico de Gaia, cujos trabalhos, fronteiros à Câmara Municipal já se iniciaram, obrigará a uma alteração radical da paisagem citadina, com artérias rodoviárias a serem afectas em exclusivo ao trânsito pedonal, prevendo-se como possível a desafectação de alguns edifícios na zona que albergam serviços municipais. Um deles será o edifício que há longos anos alberga a Assembleia Municipal de Gaia, na Rua General Torres.

Imóvel centenário

As origens da Assembleia da Granja remontam a 1869, ano em que Fructuoso Ayres, um empreendedor homem das beiras que esteve na génese da Granja como praia de banhos, mandou construir abaixo da linha férrea, em frente à primitiva estação, uma casa de rés-do-chão, cave e uns quartos assotados. Os baixos foram, desde logo, destinados para a Casa da Assembleia, ficando a parte alta para aluguer. Segundo a descrição feita por António Sande e Castro, no seu livro «A Granja de todos os tempos», a Assembleia inicial “tinha telhado de duas águas, as paredes pintadas com faixas encarnadas e um pequeno terraço à frente vedado com grade de ferro pelo lado nascente; a ele davam acesso duas escadas viradas ao norte e ao sul.

Em frente da casa estava a cancela de entrada à estação. A Assembleia, dizia Fructuoso Ayres, destinava-se a reunir em agradável convívio as pessoas, bastantes, que aqui vinham veranear”. Mas esta Assembleia iria durar pouco tempo. A 8 de Agosto de 1876 era inaugurado um novo edifício, o mesmo que chegou até aos nossos dias em ruínas. A 16 de Outubro desse ano, no cartório do tabelião Tibério Mendes, do Porto, assinou-se a escritura outorgando os estatutos da Companhia da Assembleia da Granja SARL, estatutos esses que a 1 de Novembro eram publicados no Diário do Governo.

Tinha um gabinete de leitura, uma sala de jogo, onde imperavam o whist e o voltarete, sendo quase incontáveis as representações teatrais e os concertos que ali tiveram lugar,Durante mais de um século foi palco de grandes festas e, durante muito tempo, o único ponto de reunião e convívio na praia da Granja.

Nova vida

Este ideia da Câmara de Gaia, anunciada durante a campanha eleitoral de Luís Filipe Menezes como um dos 48 projectos para os próximos 48 meses, pode assim devolver a dignidade devida a um imóvel que faz parte da memória colectiva do concelho.

Sem comentários: