quinta-feira, 25 de outubro de 2007

RIO DAS FLORES Miguel Sousa Tavares novo Livro

É inevitável acreditar que o meio milhão de portugueses que leu o Equador esteja curioso quanto ao novo romance de Miguel Sousa Tavares. Afinal, até ao seu aparecimento na cena editorial nunca um autor que publicou um livro viu multiplicar por seis uma tiragem inicial de 50 mil exemplares para vender a leitores sôfregos de romances histórico-coloniais. Talvez por esta razão, e aproveitando o embalo e o mediatismo charmoso de quem escreveu tal best-seller, a editora desbaste mais um pequeno bosque para imprimir cem mil exemplares, de 632 páginas cada.Se fosse necessário definir em muito poucas palavras o segundo episódio desta saga literária protagonizada por Miguel Sousa Tavares, bastaria ser assim: intitula-se Rio das Flores e estará nas livrarias a partir de segunda-feira. Não é preciso dizer mais, porque se a receita funcionou uma vez, ela terá pés para andar por mais três ou quatro livros, todos com centenas de páginas, recheados de factos históricos a balizar a acção e de infelizes amores para impressionar.É obrigatório evocar o Equador quando se fala do Rio das Flores porque se continuam. O anterior termina com a morte do Rei D. Carlos e este tem quase início a partir desse facto. Os livros não se continuam, diga-se, mas completam o ciclo histórico de mudança que o autor parece querer explorar em romance.Tudo começa com a apresentação do alegado protagonista do Rio das Flores, Diogo Ribera Flores, e tudo acaba nele. Da primeira à última página, o universo criado pelo autor roda constantemente em torno de Diogo, sufocando com essa decisão outras personagens que tanto teriam para contar e satisfazer o leitor. De mal contrário sofre o cenário onde se desenvolve toda a acção do romance, pois, não satisfeito com a imensidão do latifúndio alentejano, o autor explora metade do mundo para colocar nele situações que, obstinadamente, deseja que existam no livro e que, sem dificuldades, embrulha numa mesma obra. Não é que tal situação vá criar problemas junto dos seus fãs - deixe-se isso para os críticos que cederem a escrever sobre o volume - porque aos leitores só resta viajar pelos 19 capítulos como se estivessem a consultar um catálogo de uma agência de viagens especializada na Península Ibérica e América do Sul. E não faltam nos textos de apoio desta "brochura" as histórias mais do que suficientes para cumprir o objectivo mais nobre de Rio das Flores, explicar como se fundou o regime que terminou a 25 de Abril de 1974. Curiosamente, esta intenção é a que mais surpreende no livro e só por essa razão já valia a pena publicá-lo. Pode ser que ao fim de seiscentas páginas as memórias da história mais recente fiquem na moda. Afinal é o autor de Equador quem as escreve...

Ver em O DIÁRIO DE NOTÍCIAS
http://dn.sapo.pt/2007/10/25/centrais/o_fascismo_amor_sousa_tavares.html

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