terça-feira, 24 de junho de 2008

EÇA BRASILEIRO português da Póvoa


"Acaba de nos chegar pela mão queirosiana da confreira Maria Carolina Calheiros Lobo e de seu marido António Alberto, que recentemente estiveram no Brasil, o livro A boa mesa de Eça de Queiroz. Um ensaio e muitas crônicas de Dagoberto Ferreira de Carvalho Junior, recentemente publicado pela Editorial Tormes do Recife, e que o autor lhes dedicou em Março passado.
Se alguém quizer saber como Eça é cultuado no país irmão, que leia este livro, que abre na página XV com uma aguarela de Mário Paciência, publicada no Diário de Pernambuco de 27 de Maio de 1996, na qual se retratam uma série de ilustres queirosianos brasileiros na mesmíssima pose de uma célebre fotografia dos Vencidos da Vida, neste caso os Vencidos do Recife. Depois uma série de saborosas crônicas literárias sobre a gastronomia queirosiana e outros aspectos da sua obra, degustada pelos seus admiradores em jantares ecianos desde 1993 até ao presente. Entre muitas e certeiras alusões bibliográficas, a admiração do autor pelos nossos confrades A. Campos Matos e Manuel Lopes, poveiros, que têm feito a ponte eçófila entre Portugal e o Brasil, o primeiro felizmente ainda vivo e activo entre nós, o segundo vivo e activo na nossa memória.
Também referências ao Clube de Eça do Rio de Janeiro, fundado em 1955, e ao Clube de Amigos de Eça de Queirós do Recife, fundado em 1948, ambos tendo resultado de grémios queirosianos que se reuniram informalmente desde as primeiras décadas do século XX, depois redimensionados na Sociedade Eça de Queiroz do Recife, de que o autor é presidente.
Dagoberto Carvalho Jr., médico e escritor, é autor de numerosa bibliografia queirosiana, tendo colaborado na edição da obra Completa de Eça de Queiroz. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 2000, no Dicionário de Eça de Queiroz. Lisboa: Editorial Caminho, 2000; no Dicionário Temático da Lusofonia. Lisboa: Texto Editores e na Revista Brasileira, edição comemorativa do centenário da morte do escritor promovida pela Academia Brasileira de Letras em 2000.
Como remata certeiramente o autor no final da crónica que dá o título ao livro:
«E porque o banquete eciano é pródigo e interminável, às vezes como agora, temos de interrompê-lo para continuar nos livros que são muitos e, vencidos os séculos XIX e XX, já contam novas edições e novos leitores neste principiar de outro milénio».

Sem comentários: