quarta-feira, 3 de março de 2010

Eça de Queirós -edição crítica




A edição de "Cartas públicas", de Eça de Queirós, constituída por textos a que "o escritor atribuiu forma epistolar" e "maioritariamente destinados à Imprensa", foi apresentada em Coimbra. Surge integrada na "Edição crítica das obras de Eça de Queirós".

Estas "Cartas públicas" têm "o peculiar timbre que lhes foi incutido" por um escritor que protagonizou, em jornais e revistas, "ao longo de toda a sua vida literária, em Portugal e no estrangeiro", uma vasta intervenção, aos mais diversos níveis.

Além do mais, Eça "foi um cidadão do Mundo, profundamente interessado na vida pública, nos costumes e nas ideias que atravessam o seu tempo", sublinhou Carlos Reis, coordenador da "Edição crítica das obras de Eça de Queirós".

"Vários destes textos podem ser considerados doutrinários". Neles, o autor "representa o seu pensamento e o seu ideário estético, com especial pertinência e acuidade, quando estavam em causa grandes temas que ilustram um trajecto de incomparável romancista", disse, na sessão de apresentação da obra, Carlos Reis.

Ironia e graça irrepetíveis

A pertinência do naturalismo, a retórica do romantismo, a construção da personagem ou o valor social da literatura são alguns dos temas tratados nestas cartas de Eça, frequentemente com "uma ironia e com uma graça irrepetíveis na nossa história literária".

Nas suas "Cartas públicas", o escritor traça perfis de personalidades e escreve obituários, exerce o direito de resposta e lança polémica, faz reflexões sobre a literatura e desencadeia o debate político.

"São textos doutrinários, são textos fundamentais" para a compreensão do escritor e de uma época, disse Ana Teresa Peixinho, responsável pela edição.

Professora da Faculdade de Letras de Coimbra, Ana Teresa Peixinho fez o mestrado com uma dissertação sobre "Prosas bárbaras" e doutoramento com uma tese sobre a epistolaridade nos textos de imprensa queirosianos.

"Cartas públicas", publicado pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, é o 13.º volume da Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós, iniciada em 1992.

"Considerando as dificuldades de um trabalho como este, é caso para estarmos satisfeitos" com este ritmo de edição, disse Carlos Reis.

Um dos maiores interesses de qualquer edição crítica é servir de base para edições para o grande público, estudantes incluídos.


ver em JN
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=1509085

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